Função Tóxica Na Clínica Da Psicose: Remédio E/Ou Ruína?

FABIÁN NAPARSTEK

Sérgio de Mattos: Estamos aqui, hoje, no Freud Cidadão, instituição de saúde mental de Belo Horizonte, dando continuidade às atividades do Ateliê de Pesquisa Psicanalítica desenvolvidas neste semestre. O Ateliê vem pesquisando o tema psicose e toxicomanias, e, hoje, contaremos com a presença de Fabián Naparstek, que vem trabalhando muito cuidadosamente essa questão nos últimos anos. Passo a palavra a Fabián, e, a seguir, abriremos espaço para perguntas.

Fabián Naparstek: Vocês estão fazendo uma investigação em torno das toxicomanias e das psicoses. Vou falar a respeito de alguns pontos que venho trabalhando, especialmente sobre as elaborações que fiz em meu livro. O primeiro ponto, importante para as discussões atuais no campo freudiano, é que a tese da ruptura com o falo não serve para pensarmos as psicoses, pois, nesse caso, a ruptura é anterior e estrutural. A esse respeito, podemos nos remeter aos casos inclassificáveis e à noção de psicose ordinária, pois ela nos traz novas perspectivas para a clínica e abre caminhos para pensarmos as psicoses, não como uma ruptura, mas como modos de enlaces e desenlaces com o Outro. Essa maneira de pensar é um bom modo de entendermos as toxicomanias: como enlaces e desenlaces com o Outro, mesmo que, em alguns casos, a partir mesmo da droga. Em alguns casos, a própria droga pode ser uma maneira de enlaçar-se ao Outro. A partir da teoria dos “inclassificáveis”, nós devemos repensar as psicoses e as toxicomanias, principalmente a partir do último Lacan.

Outro ponto que trabalhei em minha tese de doutorado, em Paris, é a diferença entre a paranoia e a esquizofrenia. Pude perceber, através dessa investigação, duas maneiras diferentes, dentro das psicoses, de uso da droga. A partir da ideia de Miller, que ele próprio retira de Lacan, sabemos que o paranoico localiza o gozo no Outro, que o gozo vem do Outro. No caso da esquizofrenia, o gozo localiza-se ou retorna no corpo. Isso permite diferenciar duas maneiras de retorno do gozo e, portanto, duas maneiras de responder a esse retorno. Se o retorno do gozo vem do Outro, encontramos, em alguns pacientes paranoicos, o uso da droga como uma resposta que está atrelada ao significante. Por outro lado, muitas vezes, a droga é usada como uma maneira de pacificar, de acalmar o corpo, como um remédio corporal. Éric Laurent também faz referência a esses casos e não só se refere ao uso da droga, mas às toxicomanias de um modo geral.

Acompanhei um caso de um menino que vem ao hospital apresentando um quadro de mania que persistia há 10 dias. Ele não parava de caminhar pela rua, sem comer, sem tomar banho, e foi encaminhado ao serviço de toxicomania, porque dizia ser um toxicômano, mas, quando o psicólogo pergunta o que ele consumia, ele responde que não consumia nada: “Não uso nada”. O menino não consumia nenhuma substância. Então, ele explica que andava pela rua sem parar, não sabia há quanto tempo. Ele avistou um cartaz que dizia “toxicomania”, e, para ele, foi o mesmo que concluir “eu sou toxicômano“. Nesse momento, ele se identificou com o significante toxicomania, e isso serviu para que o menino saísse do quadro de mania. Recomendei, em supervisão, que o psicólogo o aceitasse como um toxicômano, pois ele havia tomado um significante da época atual que poderia frear a mania. Anos depois, disseram-me que ele se havia transformado em um ex-toxicômano e que ajudava os novos toxicômanos, apesar de nunca ter consumido nada.

Essa foi uma maneira que ele encontrou de “frear o Outro” ao se identificar ao significante toxicomania. Em Buenos Aires, durante uma época, havia uma discussão em que se pensava que deveríamos “desindentificar” o toxicômano de “ser um toxicômano”. Essa é uma discussão que merece prudência, pois, em muitos casos, uma identificação ao “ser toxicômano” pode ser uma resposta subjetiva que o sujeito encontra para responder a uma invasão de gozo que vem do campo do Outro.

Em outros casos, pode ser diferente. Um esquizofrênico pode consumir a droga para diminuir os pensamentos. Já relatei, em outro momento, o caso de um menino que usava cocaína para que o seu órgão sexual não se excitasse. Ele tentava driblar esse efeito de excitação de seu corpo e usava a droga para isso e somente isso, sem ligação significante. Isso abre um campo de investigação importante para entendermos os diferentes usos que o psicótico, principalmente o esquizofrênico e o paranoico, pode fazer da droga, diferentes modos de resposta à invasão de gozo.

Outro ponto importante para investigarmos é o diálogo que temos empreendido atualmente com a psiquiatria. Comumente se diz que a toxicomania esconde, “tampa”, a estrutura subjetiva. É muito comum que, em muitas clínicas, psicanalistas e psiquiatras falem de “limpar” a toxicomania, através da abstinência, para encontrar a estrutura subjetiva, com a ideia de que, se cessar a droga, vai aparecer a estrutura.Tenho uma posição muito diferente. No grupo TYA, do qual faço parte, e em minha tese de doutorado, não trabalhamos a partir dessa perspectiva. Penso que é preciso fazer um diagnóstico da função que a droga tem para cada sujeito, que é o que possibilita localizar um diagnóstico estrutural. Isso certamente não é fácil, nem rápido, mas a função que a droga tem para um sujeito permite localizar a estrutura e o diagnóstico de estrutura também. Ainda mais, penso que, para cessar a droga e levar o sujeito à abstinência, é preciso muito cuidado e prudência, pois, se fazemos cessar a droga, podemos nos deparar com o desencadeamento de uma psicose. Quando um sujeito busca a droga, ele procura uma solução. Uma solução que pode ser equivocada, mas é a que ele encontra. O que o analista precisa entender é que é preciso prudência para diagnosticar a função da droga para aquele sujeito e pensar o que seria melhor para ele. Se vamos fazer cessar essa solução, é preciso encontrar outra que possa tomar o lugar da droga, e que o sujeito mesmo vai ter que inventar.

A minha tese central é a de que a droga tem uma função singular para cada sujeito. É uma tese a partir do último Lacan, que considera esses usos particulares de cada sujeito como um uso sintomático da droga. Pensando, portanto, o conceito de sintoma a partir do último ensino de Lacan é que o primeiro diagnóstico que temos que fazer quando escutamos um sujeito toxicômano é precisamente a partir da determinação da função da droga para esse sujeito.

É um trabalho a mais, principalmente, nos hospitais e nas clínicas, porque isso nos permite pensar que não há nada mais diferente de um toxicômano do que outro toxicômano, o que vai contra toda uma cultura da saúde mental que considera que um toxicômano é igual a outro. Muitas clínicas e hospitais estão ancorados na ideia do consumo. É muito comum encontrar, em algumas comunidades terapêuticas, a separação do toxicômano que consome cocaína daquele que consome maconha ou álcool. O consumo de heroína não é habitual no Brasil e na Argentina, mas, na Europa, são separados, também, aqueles que consomem heroína. Nós pensamos que uma pessoa que consome cocaína pode consumi-la de uma maneira totalmente diferente de outra pessoa que consome a mesma droga.

Uma clínica tem que trabalhar a partir da diferença de cada sujeito. É muito comum, nas comunidades terapêuticas, que todos os pacientes sejam convocados a fazer as atividades propostas: eles tem que fazer esporte, literatura, grupo de leitura, de reflexão, etc. Em uma ocasião, perguntei à coordenadora de um grupo por que motivo ela esperava que o paciente viesse até o seu grupo, o que ela queria alcançar com esse paciente singular. Ela se queixava de que havia um paciente que ia ao grupo de reflexão e não queria refletir. Então, se não queria refletir, era preciso dizer ao paciente que ele teria que ir embora. Eu disse que, para esse paciente, podia ser muito bom se ele ficasse no grupo escutando a reflexão dos outros, e que não havia nenhuma contraindicação para deixá-lo participar.

E o último ponto é uma discussão que diz respeito à época atual. Em minha tese de doutorado, afirmei que há uma relação muito estreita entre a época atual e as psicoses, mas não podemos dizer simplesmente que a época atual está maluca. Não se trata disso. O que quero dizer é que há uma relação estrutural entre a época atual e as psicoses e, ao mesmo tempo, há um empuxo ao consumo como um único modo de se fazer frente ao mal-estar da cultura, ao mal-estar da civilização. Seria interessante fazer uma investigação dessa relação entre a época atual e a toxicomania, principalmente quando pensamos na ideia já difundida por Ernesto Sinatra de que somos todos toxicômanos, somos todos consumidores. Assim, teremos que fazer uma diferenciação entre a época dos consumidores e o que pensamos que é a toxicomania enquanto tal.

Adriana de Vitta: Temos nos ocupado do seu texto e das suas elaborações, no Freud Cidadão, para pensarmos a direção do tratamento dos pacientes que frequentam a instituição. Temos nos apoiado no diagnóstico da função da droga para cada sujeito, como premissa básica no tratamento, o que também permite localizar o diagnóstico estrutural, como você nos esclarece. Temos trabalhado com sujeitos esquizofrênicos, que fazem uso excessivo de alguma substância, e nos chama a atenção a precariedade das soluções que encontram. Como um paciente cujas soluções são tão fugazes que já chegamos a denominá-las de “castelos de areia”. Isso causa muita angústia na equipe, que, com seus ideais de resposta ao tratamento, acaba por se cansar e, muitas vezes, até contribui para esse desenlace. O que temos pensado, basicamente, é que a relação da droga com o sexual deve ser algo priorizado em nossa escuta. O sexual, interrogando o corpo, provocando esse corpo, leva esse sujeito ao consumo. Como dar lugar para que esse sujeito fale desse incômodo, tirando o olho da regulação e focando naquilo que é tóxico para ele próprio? Sérgio de Mattos nos trouxe uma questão importante, que é a possibilidade de concentrarmos nossas intervenções a partir da escuta do delírio e daquilo que o sujeito traz como solução para a vida, o que fica um pouco de lado quando a equipe entra com seus ideais normalizadores. Queria saber sua opinião sobre isso.

Fabián Naparstek: Efetivamente, na esquizofrenia, a solução é sempre muito fugaz e, comumente, dura muito pouco tempo. É uma coisa muito difícil de encontrar, na esquizofrenia, uma solução que servirá para toda a vida. É preciso fazer um trabalho contínuo e, em muitos casos, nós utilizamos, na esquizofrenia, especialmente, uma terapia de substituição. Não é uma política de substituição, mas devemos observar que, em certos casos de esquizofrenia, há certas drogas que são usadas com um objetivo específico, por exemplo, é muito habitual que alguns esquizofrênicos consumam maconha para frear o pensamento. Em alguns casos, nós, psiquiatras, damos ao esquizofrênico uma medicação que pode ser melhor que a maconha. Se o sujeito encontrou essa solução, que seja ela. Na esquizofrenia, a solução será sempre uma solução temporária, e eu sempre digo que “dura o quanto dura”. Enquanto dura, dura, e quando acabou, acabou.

Camila Nuic: Quando você diz que é preciso distinguir “Todos somos toxicômanos”, que é quase um axioma da nossa época atual, da toxicomania enquanto tal, fiquei pensando se esta última efetivamente existiria. Essa seria minha primeira questão, e a segunda diz respeito ao uso maníaco de uma droga. Nesse caso citado por Adriana, esse sujeito, um esquizofrênico, faz uso maníaco do crack. Em outros casos, o uso é mais localizado, não é compulsivo, como observamos em alguns casos de neuroses.

Fabián Naparstek: Eu falei, em outro momento, de uma ideia que é também trabalhada por Éric Laurent, ao fazer referência a um termo da psiquiatria: monomanias. Éric Laurent fala de monotoxicomanias, termo que busca marcar formas localizadas de consumo. Este não seria um consumo de qualquer coisa, de qualquer substância, em qualquer momento. É um consumo localizado que, efetivamente, em algumas psicoses, não se liga ao delírio ou a um uso em particular, como anestésico para o corpo, e isso funciona somente com uma só droga. Por exemplo, um rapaz que consumia uma medicação que era um derivado de morfina. Esse rapaz sofreu um acidente de carro, teve um trauma muito grande e teve que passar por uma longa cirurgia. No momento posterior à cirurgia, os médicos prescreviam morfina para alívio da dor ou uma medicação que continha morfina. Depois de toda essa experiência, vimos que esse rapaz se transformou em um monotoxicômano desse mesmo medicamento. Somente desse medicamento, pois ele não consumia cocaína, nem crack, nem maconha. Era como se o rapaz estivesse, a todo o tempo, com o trauma presente, como se não houvesse uma maneira de elaborar o trauma, então, seguia consumindo o mesmo medicamento contra a dor do trauma. Esse rapaz havia desenvolvido uma monomania, uma mania de consumir muito esse medicamento, mas somente esse. Um consumo localizado.

A segunda pergunta, sobre a “toxicomania enquanto tal”, a verdadeira toxicomania, acho que isso não existe. A toxicomania começa na cultura, no momento em que a ciência descobre a síndrome da abstinência. É um momento pontual da história do consumo das drogas. O homem consome drogas há milhares de anos e não havia a toxicomania. Quando a ciência descobre a síndrome de abstinência, a ciência chama isso de toxicomania. Em nome da ciência, no momento em que se fala da toxicomania, começam a existir muitos toxicômanos. Como na época atual, em que muitos têm ataques de pânico, que é uma enfermidade nomeada por Freud como neurose de angústia, e, agora, todo mundo fala de ataque de pânico. E, assim, para todos que vão aos hospitais com sintomas de aceleração e excitação, o médico fala de ataque de pânico. É a ciência que inventa um nome, mas, em nome da ciência, o sujeito mesmo se identifica ao nome de toxicômano, e, assim, ele se diferencia. É o mesmo que eu afirmei sobre a função da droga para cada sujeito. Uma coisa é o nome que a ciência confere a uma determinada prática, e outra coisa é a maneira que cada sujeito tem de ligar-se a essa droga. Nas psicoses, é muito comum encontrar, nas monomanias, uma forma de resolver um trauma, uma maneira de se ligar ao Outro.

Helena Greco: Se considerarmos o último Lacan e a ideia de engates e desengates com o Outro, até que ponto essa tese da ruptura com o falo ainda é válida para pensarmos tanto a toxicomania na neurose quanto na psicose, e como poderíamos pensar esse uso maníaco em relação às psicoses ordinárias?

Fabián Naparstek: As psicoses ordinárias têm, como diz Miller, duas caras, dois aspectos. As psicoses ordinárias são muito mais delicadas que as psicoses extraordinárias, muito mais frágeis, mas, ao mesmo tempo, são muito mais elásticas, mais flexíveis. Há um provérbio francês que escutamos também na Argentina que pode ser útil aqui. Existem aquelas árvores que são muito grandes, muito fortes, que precisam ser golpeadas com um instrumento para parti-las ao meio. O que é diferente da cana-de-açúcar, por exemplo, que é muito frágil, de forma que, quando bate um vento, ela cai, mas, no outro dia, ela se levanta normalmente, pois ela é muito mais flexível.

A ideia de Miller é que as psicoses ordinárias têm muito mais flexibilidade. Tem a possibilidade de desenganchar e, ao mesmo tempo, no outro dia, se reenganchar. As psicoses ordinárias apresentam características que, por sua estrutura, não podemos falar de ruptura, como diz Lacan, não há um antes e um depois do desencadeamento. O Lacan, da primeira época, pensava que o momento do desencadeamento marcava a vida do sujeito com um antes e um depois. No caso das psicoses ordinárias, há momentos diferentes que podem se envolver. É muito mais flexível, nesse sentido, e mostra que algumas toxicomanias têm essa flexibilidade, que o terapeuta deve saber utilizar, para orientar o tratamento. É importante considerar o termo mania, pois a Rede do Campo Freudiano o conserva. Primeiramente, é um termo que vem da psiquiatria clássica, mas a ideia de Freud, assim como a de Lacan, é que a mania é uma ruptura com o Outro. Seja uma mania porque o sujeito consumiu uma droga, seja uma mania por um episódio maníaco. O que foi nomeado como episódio maníaco é o momento em que se pode romper com o Outro.

Então, quando falamos de algum episódio ou de uma monomania, pensamos que não se trata de uma ruptura total com o Outro. Há uma prática, um consumo excessivo da droga, mas dentro de certos limites que marcam esse consumo. Isso não é mesmo que falarmos da mania como uma ruptura total com o Outro. A monomania tem essa característica, há um excesso, mas ela tem uma forma limitada.

Falei, em Belo Horizonte, na XVII Jornada da Escola Brasileira de Psicanálise – Seção MG, da festa totêmica como um exercício limitado. É uma mania, mas que dura um tempo preciso. Acontece no momento em que há um excesso que vem do outro e, ao mesmo tempo, é o outro mesmo que organiza esse excesso. Penso que, em certos sujeitos, há um excesso, mas que está dentro de certo limite, que se permite regular. Portanto, acho que, em algumas psicoses ordinárias, há um excesso, mas, ao mesmo tempo, ele é limitado. Não é um consumo de tudo, é uma limitação de um excesso, que é diferente da toxicomania, que quer tomar qualquer coisa a qualquer momento.

Sérgio de Mattos: Fiquei pensando em um caso acompanhado por você de um homem que se travestia diante do espelho e que, ao fazer isso, usava cocaína. Você comenta que, nesse caso, a função da droga era fazer desaparecer o pênis, minimizar o tamanho do pênis, de tal modo que ele se sentia menos incomodado em possuí-lo. Trata-se de uma função muito precisa da droga, mas você levanta outra questão: esse sujeito, que já consegue regular seu mal-estar com o órgão através da cocaína e dessa prática que você denomina “empuxo-à-mulher”, comenta que sentia que estava traindo sua própria mulher ao se travestir diante do espelho e quer contar a ela sobre sua prática.Você desencoraja-o e diz para ele que isso é da ordem de sua privacidade, de sua intimidade. Minha questão: parece que, nesse momento, você opera a partir de alguns índices do delírio dele em torno do “empuxo-à-mulher”. Você localiza que esse “empuxo-à-mulher” e a droga formam o arranjo que ele faz para apaziguar o mal-estar, o gozo invasivo. Parece que a intervenção só é possível porque você sabe que, se ele publica, se ele revela para a esposa essa solução, isso vai provavelmente se desarranjar. É um cálculo, você evita isso. Temos discutido, aqui no Ateliê, sobre o valor de localizarmos esses indíces no delírio de um sujeito que, se, por um lado, permitiriam entender a função da droga, por outro lado, nos dariam a possibilidade de não operar somente regulando o consumo, mas também moderando um certo modo de o sujeito lidar com aquilo que é da ordem do delírio, e que isso seria uma intervenção possível e desejável na maioria dos casos.

Fabián Naparstek: A neurose é uma maneira de localização do gozo. Uma maneira neurótica, mas uma maneira. O recalque indica que o gozo tem que estar escondido em algum lugar e que a lei funciona em outro lugar. A neurose separa a lei do gozo, então, só se pode gozar de uma maneira localizada, mas, ao mesmo tempo, de uma maneira escondida. O que Freud descobriu é que todo mundo goza, mas o neurótico goza na obscuridade, em lugares escondidos.

A diferença em relação às psicoses é que, nesse caso, o gozo invade por todos os lados, não há um lugar para o gozo e há uma invasão. Se o psicótico pode fazer uma pequena localização de gozo na intimidade, acho que é preciso preservar. Temos que encontrar um lugar no qual preservar o gozo, uma intimidade do gozo. Efetivamente, minha intervenção foi na direção de preservar a intimidade do gozo. Além do que, esse paciente estava em um momento em que não podia parar de consumir cocaína e que estava encontrando uma maneira de frear o consumo e, ao mesmo tempo, uma maneira de localizar o gozo. Bem, ele passou de uma situação em que consumia todos os dias sem parar, desaparecia de sua casa, de sua mulher, de sua família, para poder começar a fazer uma prática muito específica que é a de travestir-se para se transformar em uma mulher. Uma maneira muito localizada. Travestia-se sozinho, em frente ao espelho, e poderia manter isso dentro de uma intimidade.

A intimidade é uma maneira de preservar a localização do gozo. A definição de intimidade é essa: um gozo localizado. Quando não existe mais a intimidade, o gozo começa a aparecer por todos os lados, e isso é próprio da época atual. O reality show é uma maneira de ir de encontro à intimidade. A importância não é tanto o pudor, senão uma espécie de localização. O sujeito pode localizar o gozo em um momento, em um lugar específico. Por isso, muitos fenômenos das psicoses não têm a ver com a intimidade. Pelo contrário, o que há é uma perda de intimidade, e os problemas com vizinhos são muito comuns, por exemplo, nos paranoicos, que os transformam em perseguidores, como se não houvesse uma intimidade, assim como o fenômeno de telepatia, como se não pudesse ter uma intimidade com o próprio pensamento. Todos esses são fenômenos próprios da psicose. Se o sujeito não encontra uma solução para localizar o gozo, isso é problemático, porque é ao mesmo tempo em que se localiza o gozo, que se torna possível ao sujeito se ligar ao Outro. Quando o sujeito consegue localizar o gozo em algum lugar, é que pode, em outro lugar, falar com o outro.

Se o gozo aparece por todos os lados, é impossível falar com o outro. Esse homem mostra muito bem como, por um lado, é possível ter um gozo localizado e, em outro lugar, poder ter uma relação com essa esposa. Isso é muito importante, porque a intimidade é uma maneira de dizer não a essa esposa. Há algo que não, há algo que sim. É uma maneira de manter esse laço com o Outro e ao mesmo tempo de manter uma localização de gozo. Acho que isso é como uma regra: se há uma maneira de localizar a intimidade, há, ao mesmo tempo, uma maneira de se relacionar com o outro, que não é Outro, que sabe tudo, do qual é preciso desligar-se.

Letícia Soares: Quando começamos a pensar na proposta de pesquisa deste Ateliê, nos lembramos muito de uma demanda frequente da comunidade, principalmente dos planos de saúde, que é a procura por grupos específicos de tratamento para toxicômanos. A questão era saber, principalmente, em quais dispositivos a instituição se apoiaria para tratar a toxicomania. Nós recuamos, a princípio, frente a essa proposta de grupos de conversa para toxicômanos, apoiando-nos um pouco na ideia de deslocarmos o significante toxicômano. Gostaria de ouvir sua opinião sobre isso e como uma instituição, orientada pela psicanálise, poderia fazer uso desse dispositivo.

Fabián Naparstek: Podem-se fazer todos os grupos possíveis, o grupo não é o problema. O problema é como se usa o grupo na instituição. Pode-se atender um grupo que fala da toxicomania, atender a família ou o que seja. O problema é como cada sujeito vai fazer uso desse grupo. Para que propósito vai um sujeito a um grupo? Se há um diagnóstico da posição subjetiva, pode-se pensar a partir daí por que o sujeito se liga a um grupo ou não. Se for ao grupo, com que propósito ele vai? Isso é o mais importante. O grupo pode ser um dispositivo que pode funcionar para alguns sim, mas para outros não, e, no momento em que o sujeito entra no grupo, é muito importante saber o que se quer desse sujeito nesse grupo, seja qual grupo for.

Dei um exemplo anteriormente de um menino que se mantinha num grupo em silêncio, e eu falava com o coordenador que, para esse sujeito, era muito importante que ele fosse ao grupo somente para escutar, que isso era muito bom para ele e que, a partir daí, ele poderia fazer uma elaboração de seu problema e de sua posição entre outros toxicômanos. Era uma solução para ele ir a esse grupo, e quando o coordenador “puxava” para que ele falasse, o problema surgia. Falei para o coordenador que aquele paciente não estava no grupo para falar. O problema não é tanto que tipo de grupo é, senão como cada sujeito vai participar do grupo que existe.

(1) Este texto é uma transcrição do seminário proferido por Fabián Naparstek em maio de 2013, com algumas modificações que não alteram o sentido do que foi dito, para conferir ao leitor uma melhor compreensão. Trata-se de uma publicação autorizada pelo autor, sem a sua revisão. Responsáveis pelo Ateliê: Adriana de Vitta, Camila Nuic, Letícia Soares, Marisa de Vitta, Sérgio de Mattos (coordenador). E-mail: freudcidadao@gmail.com.

 


Fabián Naparstek
Psicanalista, membro da EOL e AMP. E-mail: fabiannaparstek@hotmail.com.



Função Tóxica Na Clínica Das Psicoses

ADRIANA RENNA DE VITA

As descobertas sobre a origem da formação dos sintomas neuróticos levaram Freud a propor seu método de tratamento. Sua intenção era a de que, ao se depararem com a insensatez do seu sintoma, os pacientes se colocassem a falar à procura de sua verdade. O paciente supunha que tal verdade estivesse do lado do analista: momento fundante da descoberta da transferência e da possibilidade de decifração dos sintomas. O amor de transferência e a suposição de saber possibilitariam, então, o deciframento do sintoma.

Em nossa atualidade, a psicanálise se depara com algo novo: não se fazem mais sintomas como antigamente. O tempo atual é aquele do declínio da função paterna, da inexistência do Outro e de todas as consequências advindas disso, constatáveis em nossa clínica. E de que clínica se trata na contemporaneidade? Não mais aquela da época de Freud, em que a sintomatologia clássica — fobias, conversões, delírios e alucinações — fornecia ao analista a matéria-prima a partir da qual sua prática era orientada. Podemos constatar que, no mundo contemporâneo, não há mais, como na época da clínica clássica freudiana, crença na existência do Outro da civilização, orientando o laço social como um grande ideal simbólico.

Podemos observar uma precariedade simbólica, em que os sujeitos encontram na impulsão pelo ato, incluindo aí o uso da droga, uma saída para aliviar a angústia. Na era do Outro que não existe e do direito ao gozo, deparamo-nos com o surgimento de novos sintomas e um tratamento para o gozo que passa pelo real. Se a clínica contemporânea é essa da inexistência do Outro, na qual o “transbordamento”, o “desgoverno” se fazem cada vez mais presentes, qual tratamento possível para os casos em que a droga e o ato aparecem como únicos recursos para tratar o mal-estar?

Não recuemos, portanto, diante do contemporâneo e dos novos sintomas. Assim como Lacan nos ensina a não recuar diante das psicoses. Mas como abordar o sintoma em nossa atualidade? Como abordar o sintoma sem o estabelecimento da transferência, sem a suposição de saber? Como pensar o sintoma na clínica da violência, dos acontecimentos de corpo, na clínica da toxicomania? Como entender a função tóxica na clínica das psicoses e em nossa atualidade? Encontramos, cada vez mais, em nossa clínica cotidiana, sujeitos que fazem uso excessivo de substâncias, cujos sintomas, longe de se oferecerem à decifração, colocam o corpo na vertente da degradação e da devastação.

Este trabalho tem a intenção de levantar algumas questões referentes a essa clínica com sujeitos psicóticos que fazem, cada vez mais, uso de alguma substância tóxica. Além disso, pretende abordar a complexa relação sujeito-tóxico-instituição, na tentativa de esclarecer de que modo podemos operar, a partir da psicanálise, em uma instituição de saúde mental.

Se O Toxicômano Não Existe, Estamos Diante De Quê?

A clínica atual tem-nos confrontado, cada vez mais, com um grande número de sujeitos psicóticos que faz uso de substâncias, uso que nos leva a supor que a parceria entre o psicótico e a droga pode se constituir em um dos modos de entrelaçamento que a psicose mantém com a atualidade (GRECO, 2011). Apesar desse entrelaçamento, o uso da droga não pode ser pensado da mesma forma na psicose e na neurose. Como ele se daria no caso da psicose, então?

Com muita frequência, nos tempos atuais, encontramos sujeitos psicóticos que fazem uso de substâncias psicoativas como um recurso para tratar algo que não sabem muito bem nomear. No Ateliê de Pesquisa do Freud Cidadão, já citado em nota no título deste artigo, uma pergunta norteava nossa investigação: partimos da ideia de que o uso de uma substância tem, para cada sujeito, uma função específica, podendo se situar ao lado do remédio e/ou da ruína. Interessava-nos investigar como uma instituição, orientada pela psicanálise e pelas invenções ancoradas na singularidade, poderia operar e oferecer seus dispositivos no tratamento de um mal-estar insuportável que lança os sujeitos em usos excessivos.

A etimologia grega do termo Pharmakon nos fornece uma dupla significação. Ele designa tanto aquilo que cura, que pode situar-se do lado do remédio, quanto aquilo que pode aniquilar, matar: o veneno. O que estaria em jogo, portanto, seria o modo de utilização desse Pharmakon, a dose necessária para curar, aliviar, ou a dose que levaria à morte. Partindo da consideração de que o sujeito toxicômano não existe, a questão que se coloca é: que uso se situaria do lado do remédio e/ou da ruína? A partir dessas questões, é importante investigarmos de que modo poderíamos pensar a direção do tratamento das toxicomanias e alcoolismo nas psicoses, de forma a nos permitir avançar um pouco mais sobre o modo específico como o psicótico se enlaça à droga.

Sabemos que a tese da ruptura com o falo não serve para pensarmos as psicoses, pois, nesse caso, essa ruptura é anterior e estrutural (LAURENT, 1994). Em 1975, Lacan nos diz que a droga seria um modo de o sujeito romper o casamento do corpo com o gozo fálico, tese que parece ter-se constituído como norteadora no tratamento analítico das toxicomanias. Miller (1992) nos lembra, no entanto, que essa afirmação de Lacan não poderia servir para classificarmos e definirmos a toxicomania, sendo somente uma tentativa de definir a droga em seu uso. Pensar a toxicomania como ruptura com o gozo fálico não é pensar necessariamente em forclusão do Nome-do-Pai.

Os avanços trazidos a essa clínica se fizeram notar a partir do momento em que a psicanálise passou a trabalhar com a noção de psicose ordinária. Tal noção nos abre caminhos para pensarmos as psicoses não como uma ruptura, mas como modos distintos de enlaces e desenlaces com o outro. Essa maneira de pensar nos ajuda a entender as toxicomanias: enlaces e desenlaces com o outro, mesmo que, em alguns casos, a partir mesmo da droga. Naparstek (2013) nos lembra de que, em alguns sujeitos, a própria droga pode servir para enlaçar-se ao Outro.

Em sua tese de doutorado, defendida em Paris, Naparstek buscou elucidar ainda mais essa questão. Ele nos esclarece, por exemplo, que há uma diferença importante no uso da droga, dentro do quadro da psicose. Ele se referiu às diferenças entre a paranoia e a esquizofrenia. Entendemos, a partir de Lacan, que o paranoico localiza o gozo no Outro, que o gozo vem do Outro, enquanto, na esquizofrenia, o gozo localiza-se ou retorna no corpo. Isso permite diferenciar duas maneiras diferentes de responder ao gozo que vem do outro. Se o retorno do gozo vem do Outro, encontramos, em alguns pacientes paranoicos, uma resposta atrelada ao significante, a droga atrelada ao significante. Do lado da esquizofrenia, encontramos, muitas vezes, o uso da droga como uma maneira de pacificar o corpo, uma utilização da droga para acalmar o corpo, como um remédio corporal.

Naparstek ainda acrescenta que, durante muito tempo, havia uma ideia amplamente difundida de que devíamos trabalhar no sentido de produzir uma “desidentificacão” ao significante toxicômano, como direção do tratamento clínico. O autor pede prudência quanto a isso e sugere pensarmos o caso a caso. Em muitos casos, uma identificação ao “ser toxicômano” pode ser isso mesmo, uma resposta subjetiva que um sujeito encontra para responder a uma invasão de gozo que vem do campo do Outro. Em outros casos, um esquizofrênico pode consumir a droga, por exemplo, para diminuir os pensamentos, pacificar o corpo, dentre outras estratégias de alívio. Essas elaborações nos remetem à dinâmica institucional com seus ideais e sua “missão”.

A Instituição No Caso A Caso: A Invenção Pela Exceção

Fernanda Otoni de Barros-Brisset, em um interessante texto intitulado “O jogo da casa vazia. Não há sujeito sem instituição” (2011), nos lembra de que, quando um sujeito procura uma instituição, “[…] não é qualquer uma. Algo de sua causa mais íntima o dirigiu até lá, guiado pelo que supõe poder encontrar por ali. A instituição é um Outro: o Outro daquele sujeito. A instituição não é a mesma para todos: cada um tem a sua” (BARROS-BRISSET, 2011, p.2). Isso permite que nos desloquemos da prática dos protocolos institucionais, do universal para todos; trata-se da escuta do sujeito que para ali se endereça, com o que há aí de mais singular.

No trabalho institucional com sujeitos que fazem uso de substâncias, é prudente estarmos atentos a uma discussão que a psicanálise tem empreendido com a psiquiatria acerca do tratamento das toxicomanias. Comumente, ouvimos que a toxicomania “esconde” a estrutura psíquica. Como tratamento, então, propõe-se, em muitas clínicas, “limpar” a toxicomania, através da abstinência, para encontrarmos a estrutura subjetiva. Naparstek nos aponta uma outra direção e sugere que, quando fazemos um diagnóstico, é preciso ir em busca do diagnóstico da função que a droga tem para cada sujeito, pois essa função também permite localizar o diagnóstico estrutural. Cessar o uso da droga a qualquer custo pode então ser extremamente perigoso para alguns sujeitos, pois, muitas vezes, podemos nos deparar com o desencadeamento de uma psicose ou um desarranjo na solução que o sujeito encontrou.

Podemos nos apoiar, então, na ideia de que, quando um sujeito vai em busca da droga, ele vai em busca de uma solução. Se pretendemos cessar um uso, é preciso prudência para encontrarmos o diagnóstico da função que a droga tem para aquele sujeito e prudência também para encontrarmos uma nova solução que possa tomar o lugar da droga.

A esse respeito, Naparstek nos fala, no Ateliê de Pesquisa do Freud Cidadão, sobre um caso, acompanhado por ele, de um homem que se travestia diante do espelho e que, ao fazer isso, usava a cocaína. Em um ritual solitário inventado por ele e não revelado a ninguém por sugestão mesmo de seu analista, esse sujeito parece fazer um arranjo, uma pequena “localização do gozo”.[2] Naparstek pontua com precisão a função muito importante da droga para esse sujeito, função que teria a ver com aquilo que ele chama de “localização de gozo”

Acerca da clínica da psicose, parece-nos importante poder pensar em como localizar o valor de alguns índices no delírio de um sujeito, pois localizá-los poderia permitir, por um lado, entender a função da droga, e, por outro lado, operar não somente através da regulação do consumo, mas também moderando um certo modo de o sujeito lidar com aquilo que é da ordem do delírio. Se o sujeito puder fazer uma pequena localização de gozo na intimidade, é preciso preservar isso. Podemos tomar a definição da intimidade como um gozo localizado: “quando não existe mais a intimidade, o gozo começa a aparecer por todos os lados, e isso provoca um desenlace com o Outro. Se o gozo aparece por todos os lados, é impossível falar com o Outro. Se o outro sabe tudo, é preciso se desligar dele” (Naparstek, 2013).

Se, para cada sujeito, a droga exerce sua função, não seria então na via da supressão e da abstinência que apostaríamos. Desde Freud, sabemos dos riscos e dos efeitos nefastos de tentar eliminar aquilo que o sujeito tem de mais precioso, a saber, seu sintoma. No entanto, se a droga aparece como elemento que permite uma amarração, ainda que frágil, por se tratar da psicose, ela revela sua face mortífera quando o que aparece são corpos devastados e lançados ao abandono. Em nossa clínica cotidiana, nosso desafio tem sido, cada vez mais, nos encontrarmos com sujeitos que pouco respondem às intervenções, com corpos que parecem ocupar-se deles mesmos, em um gozo monótono, sem sentido. Fernanda Otoni de Barros-Brisset, em seu seminário, no Ateliê,[3] nos chama a atenção, entretanto, para o fato de que as rotinas e ideais institucionais não servem mais como referência, e que, diante disso, o analista deve dizer sim ao gozo localizado e inconfessável, “pois escutar esses corpos é escutar o que se cala no sintoma” (BARROS-BRISSET, 2013)

Lacan nos recomenda não recuar. Entendemos, no entanto, que é preciso pensarmos nas possibilidades de trabalho de uma instituição sem tomarmos essa recomendação como um imperativo, pois, em muitos casos, o recuo calculado pode produzir mais efeitos que o oferecimento excessivo de recursos ou dispositivos.

Como operar então no trabalho institucional? Talvez possamos acolher as atuações como demandas, ficarmos atentos ao que se repete e tentarmos entender o que aparece através do ato. Quem sabe assim possamos permitir que se inaugure o enigma “O que ele quer de mim?”. Abre-se, dessa forma, uma via possível para fazê-los responsáveis pelo que dizem. A equipe clínica deve, para isso, estar preparada para a surpresa. Para ir em direção ao sujeito, é preciso então acolher o que se apresenta, a princípio, como únicos recursos: a droga e o ato. Para o que não tem governo, tampouco cura, há tratamento, pois ainda nos restam a palavra e a nossa aposta no inconsciente.[4]

(1) Durante o primeiro semestre de 2013, realizamos, no Freud Cidadão, nosso IV Ateliê de Pesquisa Psicanalítica. As atividades desse Ateliê estavam concentradas em investigar as peculiaridades da clínica com sujeitos psicóticos que fazem uso de alguma substância tóxica. Tema da pequisa: “Função tóxica na clínica das psicoses: remédio ou ruína”. Responsáveis: Adriana de Vitta, Camila Nuic, Letícia Soares, Marisa de Vitta, Sérgio de Mattos (coordenador). O presente texto buscou aprofundar algumas das questões trabalhadas durante os seminários.
(2) Remetemos o leitor ao seminário proferido pelo autor no Ateliê de Pesquisa do Freud Cidadão.
(3) Fernanda Otoni de Barros-Brisset, psicanalista, membro da Escola Brasileira de Psicanálise e Associação Mundial de Psicanálise, esteve presente no encerramento do Ateliê, comentando um texto coletivo produzido pela equipe responsável pela pesquisa e intitulado “Toxicomania na clínica das psicoses: a invenção pela exceção”.
(4) Essas elaborações finais fazem parte de uma reflexão feita em conjunto com Camila Nuic, psicóloga do Freud Cidadão e uma das responsáveis pelo Ateliê, a partir de suas anotações pessoais do seminário de Musso Greco.

 


 

Referências
BARROS-BRISSET, F. O. de. “O jogo da casa vazia. Não há sujeito sem instituição”, Almanaque on-line, Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais, Belo Horizonte, n.8, p. 2, jan./jun. 2011.
BARROS-BRISSET, F. O. de. Seminário proferido pela autora por ocasião do encerramento das atividades do Ateliê de Pesquisa Psicanalítica do FREUD CIDADÃO. Belo Horizonte, 3 de julho de 2013.
BATISTA, M. do C.; LAIA, S. (Orgs.). “A Neoconversão”. Secção clínica de Bordeaux. Relatores: Carole Dewambrechies-La Sagna e Jean-Pierre Deffieux. A psicose ordinária. Belo Horizonte: Scriptum, 2012, p. 99 a 151.
GRECO, H. “Os usos que o psicótico faz da droga”, Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v.17, n.2, p.261-277, 2011.
LACAN, J. (1975). “Intervenção no encerramento das jornadas de cartéis”. Disponível em: <http:www.ecolelacanianne.net>. Acesso em: 14 set. 2013.
LAURENT, É. “Como recompor os nomes do pai”, Curinga, Belo Horizonte, n.20, p.17-26, 2004.
LAURENT, É. “Falar com seu sintoma, falar com seu corpo”. Argumento publicado no site do VI ENAPOL (VI Encontro Americano de Psicanálise de Orientação Lacaniana. XVIII Encontro Internacional do Campo Freudiano).
LAURENT, É. “Tres ovservaciones sobre la toxicomania”, In: SINATRA, E.; SILLITTI, D.; TARRAB, M. (Orgs.). Sujeito, goce y modernidade II. Buenos Aires: Atuel, 1994.
LAURENT, É. “Ato e instituição”, Almanaque on-line, Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais, Belo Horizonte, n.8, p. 1-6, jan./jul. 2011.
MILLER, J.-A. “Para una investigación sobre el goce auto erótico”, In: SINATRA, E.; SILLITTI, D.; TARRAB, M. (Orgs.). Sujeito, goce y modernidade: fundamentos de la clínica. Buenos Aires: Atuel-TyA, 1994, v.I, p.13-21.
NAPARSTEK, F. Introduccíon a la clínica com las toxicomanias Y alcoholismo III. Buenos Aires: Grama, 2010, p.92-93. (Serie TEMPS).
NAPARSTEK, F. Seminário proferido no Ateliê de Pesquisa Psicanalítica do FREUD CIDADÃO. Belo Horizonte, 9 de maio de 2013.

Adriana Renna De Vita
Psicóloga em formação psicanalítica pelo Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais, Mestre em Teoria Psicanalítica (UFMG), Diretora clínica do Freud Cidadão. Cidadão. E-mail: adrianavitta@terra.com.br.