O único e o específico na experiência analítica
Sérgio de Castro
Psicanalista
Membro da Escola Brasileira de Psicanálise (EBP) e da Associação Mundial de Psicanálise (AMP)
sdcastro@terra.com.br
Parece-me interessante tomarmos o significante ÚNICO deixando-o deslizar para termos mais próximos de nosso jargão. Por exemplo, a partir da contracapa Seminário 19, escrita por Jacques-Alain Miller, perguntarmo-nos se esse ÚNICO poderia ser aproximado do Um-dividualismo moderno. Se, por um lado podemos, ao Um-dividualismo, localizá-lo na rigidez autoreferida dos identitarismos atuais, por outro, podemos constatar que basta que se inicie uma análise para se verificar que há uma dimensão do Outro em cada um que faz voar pelos ares tal aprisionamento. Portanto, se uma vez atravessado pelo Outro na experiência analítica tal ilusão do Um-dividualismo fica em questão, uma vez que é o sujeito dividido que se produz, restará ainda algo de refratário ao Outro e à sua interpretação que, enquanto Único daquele sujeito, deverá, no entanto, ser convocado a dizer-se. Cabe, por fim, perguntar se o que vemos aqui não seria uma passagem do Um-dividualismo referido no “sou o que digo que sou” ao que se deduz do dizer que faz emergir a diferença absoluta que cada falasser carrega a partir de seu encontro traumático com a língua.