Sylvia Plath: uma escrita para “O caos da experiência”

Isadora Saraiva Vianna de Resende Urbano
Graduada em Estudos Literários e Mestra em
Teoria da Literatura Comparada pela UFMG
isaresendeurbano@gmail.com

Resumo: Este artigo discute o papel da escrita como suporte psíquico para a poeta Sylvia Plath (1932-1963). Partindo de trechos de seus diários, cartas e poemas, além do romance A redoma de vidro, procuramos investigar as dimensões que a escrita assumiu na vida da autora. Destacadamente, pontuamos que Plath se valia da escrita como um modo de buscar se fazer amar e de organizar o que nomeava como “o caos da experiência”, numa tentativa de sinthoma que funcionou bem o bastante por muito tempo, mas que, a dada altura, mostrou-se uma saída insuficiente para que Plath sustentasse o desejo de viver.

Palavras-chave: Sylvia Plath; escrita; sinthoma.

SYLVIA PLATH: A WRITING FOR “THE CHAOS OF EXPERIENCE”

Abstract: This article discusses the role of writing as a psychic support for the poet Sylvia Plath (1932-1963). Starting from excerpts from her diariesletters and poems, as well as the novel The bell jarwe seek to investigate the dimensions that writing assumed in the author’s lifeNotablywe point out that Plath used writing as a way of trying to make herself loved andalsoof organizing what she called “the chaos of experience”, in an attempt of making a sinthomethat worked well enough for a long time, but eventuallyproved to be an insufficient way for Plath to sustain the desire to live.

Keywords: Sylvia Plath; writingsinthome.

 

CAROLINA BOTURA. EX-DEUS

 

No Seminário 23, O sinthoma, Lacan nos diz que “uma escrita é (…) um fazer que dá suporte ao pensamento” (LACAN, 2007, p. 140). Pouco à frente, acrescenta: “As pessoas escrevem suas recordações de infância. Isso tem consequências. É a passagem de uma escrita para outra escrita” (ibid., p. 143). A passagem de uma escrita para outra escrita, nesse contexto, é algo que podemos ler como a passagem de uma escrita no corpo para uma escrita textual, por meio da qual registramos nossas impressões e as tornamos legíveis para outras pessoas, e também para nós mesmos.

Escrever suas recordações, como afirma Lacan, certamente tem consequências. No caso de James Joyce, por exemplo, Lacan afirma que a escrita é essencial a seu ego, possibilitando a amarração do nó que rateia na tríade R.S.I. Mas para além do caso Joyce, há um sem-número de pessoas que se apoiam no recurso à escrita e fazem dela algo importante em termos psíquicos. Algumas vezes, essa escrita pode alcançar algo de íntimo e quiçá vital para aquele que escreve, para além de qualquer valor prático ou literário que possa vir a ter. Nesse campo, uma escrita pode, por exemplo, dar corpo aos pensamentos, dar destino ao fluxo de ideias, aquietar a ânsia de dizer, dar consistência às próprias palavras, permitir que algo seja esquecido sem que caia de vez no esquecimento, elaborar, expurgar, etc., o que equivale a dizer que uma escrita pode ter o lugar de uma invenção, uma forma criativa de lidar com os temas que nos tocam, que pode alcançar efeitos terapêuticos ou não, e que, em todo caso, não substitui uma análise, mas pode aparecer como uma estratégia suplementar para lidar com a experiência¹.

Para explorar essas questões, das funções e efeitos de uma escrita, proponho passarmos ao caso concreto e ilustrativo de Sylvia Plath e sua relação particular com as práticas da letra, a partir dos materiais deixados em seu romance, poemas, diários e cartas. Não se trata absolutamente de fazer uma análise de Plath a partir da sua escrita, mas de verificar como essa escrita foi apropriada por ela e que lugares pôde ocupar em sua vida psíquica.  

Sylvia: vida & obra, ou vida-obra

Em um dos poemas de sua juventude, escrito em 1948, o eu-poético de Sylvia Plath responde a questões colocadas por um interlocutor indefinido acerca de sua relação com a escrita:

You ask me why I spend my life writing?

Do I find entertainment?

Is it worthwhile?

Above all, does it pay?

If not, then, is there a reason? …

 

I write only because

There is a voice within me

That will not be still.

                               (PLATH, 2011, s/p)

Diante dessa voz inquieta, a jovem Sylvia procura na escrita uma saída para apaziguar uma angústia, como nos sugerem os três últimos versos do poema, que indicam que a escrita é tanto consequência dessa voz como solução provisória para sua inquietude. De fato, a determinação de Sylvia, desde muito cedo, para se tornar uma escritora, nos mostra a importância que dava a essa atividade: mais que um hobby ou uma fonte de renda, Sylvia se valia da escrita como um modo de inventar seu eu artístico, que se confunde com seu eu pessoal, e descobrir uma voz própria. Mas não devemos idealizar: se a escrita, por um lado, podia lhe dar um senso de identidade e uma preciosa ferramenta de elaboração, por outro lado, a preocupação com a qualidade literária dessa escrita, atrelada imaginariamente ao seu valor pessoal, também era uma das suas grandes angústias, como ela escreve, em 1951, em seu diário:

Posso escrever? Conseguirei escrever se me dedicar o suficiente? Quanta coisa preciso sacrificar para poder escrever, de todo modo, até descobrir se sou mesmo boa? Acima de tudo, PODE UMA MULHER SEM IMAGINAÇÃO, EGOÍSTA, EGOCÊNTRICA E INVEJOSA ESCREVER QUALQUER COISA QUE VALHA A PENA? (PLATH, 2017, p. 121).

Dois anos depois, Sylvia foi escolhida para um estágio em Nova York, onde seria editora convidada da revista Mademoiselle. Em agosto, de volta a casa, tentou cometer suicídio, mas foi encontrada ainda com vida e pôde ser salva. Depois disso, foi internada temporariamente no hospital psiquiátrico McLean, onde conheceu a psiquiatra Ruth Beuscher, com quem manteve contato até o fim de sua vida. É dessa experiência traumática que Sylvia se apossou para escrever, quase dez anos depois, aquele que seria seu primeiro e único romance, A redoma de vidro.

É difícil dizer em que medida e de que maneiras o trabalho de rememoração realizado durante a escrita de A redoma de vidro teria ocasionado uma revivificação dos afetos ligados a essa experiência. Algumas pistas deixadas por suas cartas, entretanto, sugerem que a ficcionalização dessa época tenha sido experimentada por Sylvia em termos positivos, ainda que imaginemos que revirar esses conteúdos não tenha sido uma tarefa fácil.

No romance, é Esther Greenwood, o alter-ego ficcional de Plath, quem revive a experiência em Nova York e a tentativa de suicídio, após a qual é internada e conhece a dra. Nolan (correspondente de Beuscher), que parece ser a única a ouvi-la e compreendê-la sem condescendência. A importância de Nolan para Esther reflete a dimensão da relação transferencial de Sylvia com Beuscher, que se estenderá muito depois, mesmo após a partida de Sylvia para a Inglaterra, por meio de cartas2. Não por acaso, quando o casamento de Plath e Ted Hughes entrou em crise, foi a Beuscher que Sylvia recorreu como apoio emocional, e foi ela quem lhe recomendou um divórcio “limpo”… e paciência.

Pela transferência, Beuscher ofereceu a Sylvia uma figura materna alternativa à da própria mãe, e pôde suprir parcialmente uma carência afetiva de Sylvia, para quem o amor da mãe parecia insuficiente. Significativamente, a relação de Sylvia com a mãe se mostra intimamente ligada à sua relação com a escrita, como nos mostram seus diários:

POR QUE NÃO SINTO QUE ELA [a mãe] ME AMA? O QUE ESPERO EXATAMENTE QUE SEJA O “AMOR” POR PARTE DELA? O QUE É QUE NÃO RECEBO E ME FAZ CHORAR? Creio que sempre senti que ela me usa como uma extensão de si mesma; que eu, quando cometo suicídio, ou tento, faço com que ela passe “vergonha”, sinta-se acusada. O que é verdade, claro. Trata-se de uma acusação de que seu amor foi ineficaz. (…) Como, gostaria de saber, mamãe entendeu minha tentativa de suicídio? Como resultado da incapacidade de escrever, sem dúvida. Eu achava que não podia escrever porque ela ia se apropriar de tudo. Só isso? Eu sentia que, se não escrevesse, ninguém me aceitaria como ser humano. Escrever, portanto, era um modo de substituir minha personalidade: se você não me ama, ame o que escrevo & me ame por escrever. Há muito mais: um modo de organizar e reorganizar o caos da experiência (PLATH, 2017, p. 519-520).

Nesse trecho, de 1958, Sylvia revela algo da maior importância: sua sensação de não ser suficientemente amada pela mãe, o significado atribuído por ela à sua tentativa de suicídio, e sua tentativa de, pela escrita, se fazer amar e organizar “o caos da experiência”. Nesse sentido, o lugar que a escrita ocupa para Plath é diferente, ainda que tenha pontos de convergência, daquele que ela tinha para escritores como Joyce, para quem escrever foi um modo de constituir um corpo, ou Virginia Woolf, para quem, como escreve Stella Harrison, tratava-se de “venir à bout de la réalité” (HARRISON, 2010, p. 81). Para Plath, por outro lado, a escrita tomou o lugar de uma invenção imprescindível, não exatamente para superar a realidade nem para fazer um corpo, mas para aquietar a voz interior, para ser validada “como ser humano”, para ser amada e para “organizar e reorganizar” (i.e., para elaborar) a experiência.

Além disso, sua escrita também estava ligada à demanda por reconhecimento, como indicam os fatos de ter publicado seus textos, endereçando-os diretamente ao Outro, e ter buscado estabelecer-se na carreira de escritora, procurando uma validação editorial/crítica para sua literatura. Essa demanda, sabemos, se desdobra em demanda de amor, como nos ensina Lacan em seu Seminário 5As formações do inconsciente, em que demonstra que, no limite, aquilo que uma demanda almeja é sempre o amor (LACAN, 1999, p. 418). Com efeito, é por meio da escrita e do reconhecimento que essa escrita poderia lhe trazer que Sylvia buscava se afirmar como merecedora desse amor que, a seu ver, lhe era negado³.

Uma pergunta se impõe: por que, mesmo com o recurso à escrita, Sylvia optou pelo suicídio? Para essa pergunta, tudo o que podemos afirmar é que, com tantos fatores envolvidos4, sua passagem ao ato não pode ser atribuída a um único evento, sendo necessariamente sobredeterminada. Uma segunda observação é que, em todo caso, uma solução criada pelo sujeito pode vir a falhar: não há, nem é possível haver, uma invenção que nos imunize ao sofrimento e que garanta que vá funcionar para sempre. Na verdade, é justo quando o sofrimento aparece que essa solução é colocada à prova, e nem sempre se mostrará suficiente para sustentar um sujeito em meio à angústia, como aconteceu com Plath.

No caso da autora, a escrita parece ter servido como uma tentativa de sinthoma que durante muitos anos atendeu, com menor ou maior sucesso, às suas necessidades de elaboração, mas em dado momento falhou, como qualquer saída pode falhar. Cabe destacar que o fracasso dessa tentativa não é sinal de que a escrita tenha sido o que lhe fez mal e/ou o que a levou ao suicídio: quanto a isso, é impossível fazer uma afirmação categórica, como aponta Luciana Silviano Brandão (2009, p. 72) ao se interrogar sobre a questão dos escritores suicidas e da suposta toxidez da escrita. Fato é que Plath, que andou ao lado da morte durante tantos anos — com a morte de seu pai, na infância, e a tentativa de suicídio ainda na juventude —, tentou se valer da escrita para elaborar essas experiências e o fez, tanto quanto pôde.

Exemplo disso é que, em 1962, Plath havia escrito a Beuscher que já não achava mais que fazia o tipo suicida, mas, na escrita, continuava o trabalho de elaboração, tanto pela rememoração e ficcionalização do tema, em A redoma de vidro, quanto em suas “confissões” poéticas, como no caso do célebre poema Lady Lazarus, em que Plath escreve: “Dying / Is an art, like everything else. / I do it exceptionally well. / I do it so it feels like hell. / I do it so it feels real. / I guess you could say I’ve a call” (PLATH, 2007, p. 62). Fingidas ou não, as ideias suicidas e a glorificação da morte pertencem, em última instância, à autora que as escreveu, e, escrevendo-as, talvez tenha podido até mesmo adiar sua realização factual.

Desse modo, podemos pensar que a escrita forneceu a Sylvia um espaço em que ideias como essas puderam ser trabalhadas e “colocadas para fora”, promovendo algum efeito de catarse, mas sem a intervenção de um Outro que pudesse interrogar essa convicção mortífera anunciada com tanta clareza sob o manto do “fingimento” literário, tecido a sós. Por razões como essa, o processo de elaboração pela via literária pode ser bastante ambíguo, como pontuou Frieda Hughes, filha de Plath, no documentário Sylvia Plath: inside the Bell Jar, produzido pela BBC em 2018:

“I think [that] to give a voice to an experience is like letting go. I always think the words remember it for us, so we don’t have to carry it anymore (…). We can write it all down, let it go. And they’re all out there. And if we ever wan
to be reminded, they’re all there for us because we have made sure they are, but they are all at a distance. Perhaps it can imbue a sense of freedom, but also, I think: ‘This happened to me. It was real’.”

Há casos, porém, em que a escrita de Plath não se debruçou sobre aquilo que havia acontecido com ela, no passado, mas sim sobre o que se apresentava como questão no então presente, como material que demandava análise com urgência. É o caso de seu último poema, Edge, escrito a poucos dias de seu suicídio, que retrospectivamente pode ser lido como antecipação e sinalização de sua passagem ao ato, dado o novo sentido que os versos adquiriram após a sua morte: “The woman is perfected. / Her dead / Body wears the smile of accomplishment (…)” (PLATH, 2007, p. 96). Nesse caso, a elaboração poética, que performou textualmente a satisfação de sua morte, falhou enquanto elaboração “terapêutica”, sendo incapaz de manter a morte no campo do semblante (ou da fantasia?), e sustentar em si, no espaço restrito do simbólico, uma satisfação suficiente para dar outro destino a essa pulsão destrutiva.

De certo modo, foi ao tirar a própria vida que Sylvia completou o poema, o realizou, entrando em continuidade com a sua produção artística e encontrando uma saída para o sofrimento: aquela que, para nós, é, entre todas, a menos desejável, por custar um preço excessivamente alto. Passando do simbólico ao real, Sylvia saltou do campo da escrita para entrar na zona em que a fina matéria viva se desfaz e se torna matéria inerte. Nessa passagem, não parece ter sido a escrita, e sim o silêncio do Outro, a falta do Outro (a falta de amor, mas também a falta de uma escuta, de uma interpretação, de um ato), o abismo em que a poeta se joga, movida pela certeza em sua incapacidade de “ser ela mesma”, de ser amada e de se amar, como escreve em sua última carta. Passando do simbólico ao real do corpo, Plath deslizou do campo dos sentidos para o sem sentido — o que não nos impede de ler nesse ato a mensagem que, com sua morte, nos convocou a ouvir.

 

 


Referências
BRANDÃO, L. S. Rememoração e reminiscência em De amor e trevas de Amós Oz. (Dissertação). Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários. Universidade Federal de Minas Gerais, 2009.
HARRISON, S. Virginia Woolf, bataille vers un sinthome. Quarto, n. 97, junho, 2010, p. 79-82.
LACAN, J. O seminário, livro 5: as formações do inconsciente. (Trad. Vera Ribeiro). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999.
LACAN, J. O seminário, livro 23: o sinthoma. (Trad. Sérgio Laia). Rio de Janeiro: Zahar, 2007.
PLATH, S. A redoma de vidro. (Trad. Chico Mattoso). São Paulo: Mediafashion, 2016.
PLATH, S. Letters Home. Aurelia Schober Plath (Ed.) Londres: Faber & Faber, 2011. Edição Kindle.
PLATH, S. Os diários de Sylvia Plath: 1950-1962. Org. Karen V. Kukil. (Trad. Celso Nogueira). 2ª ed. São Paulo: Biblioteca Azul, 2017.
PLATH, S. Poemas. (Trad. Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça). 2ª edição. São Paulo: Iluminuras, 2007. p. 127-138
PLATH, S. The letters of Sylvia Plath. Volume II: 1956–1963. Faber & Faber, 2018. Edição Kindle.
SYLVIA Plath: inside The Bell Jar. Dir. Teresa Griffiths. Londres: BBC, 2018. Documentário, 59 min.

1. Porque a escrita, nesse sentido, é uma invenção individual, que servirá bem para alguns, mas não para todos. Além disso, porque ela não conta com a presença de um analista que possa interpretar e atuar com relação ao que se produziu. Sem a presença do analista, o sujeito pode chegar perto, talvez, do que se alcançaria com uma “auto análise”, mas não muito mais que isso. Isso não quer dizer que se deva entender a escrita como uma estratégia prejudicial para o sujeito, nem é justo rotular como “precária” a forma que os sujeitos elegem como seu suporte psíquico, embora, como qualquer saída, ela possa falhar. Afinal, frente à contingência, não há nenhuma garantia. À diferença de uma análise, entretanto, quando a escrita falha, não há mais ninguém ali para evitar que o sujeito se quebre. 
2. Em 1962, quando seu casamento entra em crise, Sylvia tenta fazer dessas cartas um substituto para as sessões de psiquiatria que, por razões financeiras e geográficas, eram inviáveis. Ela chega a implorar a Beuscher que lhe cobre pelas cartas que escrevesse, o que sublinha o estatuto que Sylvia conferiu a esses escritos. 
3. Embora não o diga em termos tão diretos quanto faz em relação à mãe, a própria relação de Sylvia com o marido também passava pela escrita. Ela menciona em seus diários a atração intelectual e admiração que sentia por ele como poeta, e nesse sentido, chama a atenção que Sylvia tenha escolhido em um parceiro marcado pelos significantes “poeta” e “leitor” alguém que pudesse se ligar a ela pelo amor às letras, que ambos compartilhavam, a despeito dos rumos que a relação tomou ao final. 
4. Por exemplo, o divórcio, o sentimento de humilhação, a precariedade da assistência especializada (lembrando que nesses meses Sylvia e Beuscher trocaram cartas, mas não se encontraram), a insegurança financeira, a infraestrutura precária do apartamento em Londres, as dificuldades diante da expectativa de se tornar mãe “solo”, a recepção abaixo da esperada de seu romance, a demissão recente da mãe, o medo de ser internada novamente, a tentativa prévia de suicídio como agravante, etc.