1º semestre de 2024
Coordenadora: Alessandra Thomaz Rocha
Sonhos e fantasias na criança.
A especificidade da clínica com crianças, hoje.
Ementa: O núcleo de pesquisa em psicanálise com crianças tem duas inserções: ele faz parte juntamente com outros núcleos, da Seção Clínica do Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais e também da Nova Rede CEREDA, (Centro de Estudos e Investigação sobre a Criança no Discurso Analítico). Assim, vamos contemplar em nossa investigação desse semestre os dois temas escolhidos por nossa dupla via. Por um lado, a especificidade da clínica com crianças e por outro os sonhos e as fantasias na criança. O que o real da clínica com crianças em nossa contemporaneidade nos ensina sobre essas questões, já que partimos, na psicanálise, do princípio que a criança é um analisante por inteiro, que o inconsciente sai pela boca das crianças, e que a neurose é infantil. Queremos, sobretudo, dar lugar à experiência da palavra na clínica com crianças.
As boas intenções, prevenções e diversas técnicas terapêuticas baseadas no saber das neurociências, estão sendo convertidas em medidas ditas “sociais”. O desvio automático em direção às técnicas pedagógicas e adaptativas aliena, cega e evita fazer-se a pergunta sobre: qual é o sofrimento das crianças e adolescentes, hoje? Assim, nos interrogamos a respeito de como proteger a criança das várias boas intenções e prevenções as quais elas vêm sendo atualmente submetidas, já que estas ações estão a serviço do discurso do mestre e, portanto, conformadas e alienadas a uma certa homogeneização, ao feito sob medida das normas. A intenção de tratar medicamente os sofrimentos e sintomas produz um apagamento do sujeito e uma exclusão daqueles que não se encaixam nos cálculos dos especialistas.
Assistimos hoje a uma obsessão do diagnóstico no campo da saúde e também da infância que, por um lado, busca localizar o mal-estar e por outro, despatologizá-lo, sem, contudo, abrir mão da medicalização. Ou seja, busca-se despatologizar o sofrimento da criança, medicalizando suas dores e angústias no corpo e através do corpo, sem considerar sua subjetividade e sua ligação com o mal-estar e angústias de seus pais, sua divisão. Há uma obsessão em determinar rapidamente um diagnóstico para avaliar e contabilizar, obedecendo a um imperativo quantitativo de avaliação baseado no saber das neurociências. Parece não haver mais lugar para a escuta do sofrimento dos sujeitos. Há uma prevalência da clínica do olhar em detrimento da clínica da escuta. Em contrapartida, são propostas técnicas e meios de readaptação com relação a seus “distúrbios” ou “descapacidades”.
Para a psicanálise de orientação lacaniana somos seres falantes e não há especialistas na clínica com crianças, mas especificidades que precisam ser consideradas na direção do tratamento. É o que investigaremos ao longo deste semestre.
Trataremos de pesquisar a especificidade da clínica com crianças e de investigar nesse real a diferença entre fantasias e fantasia fundamental e sua relação com os sonhos. Tema de pesquisa lançado pelo Institut Psychanalityque de l’enfant du champ Freudien, acolhido pela Nova Rede CEREDA ao qual estamos alinhados. Buscamos assim estar à altura do que nos adverte Judith Miller:
“Visar a singularidade absoluta e não a promoção de receitas universais não é visar o indivíduo sócio biológico genético, é cernir o real ao qual cada ser falante é a resposta, em sua contingência e escolha insondável para si mesmo. É certo que o lugar que um analista ocupa, em virtude de sua formação, lhe permite abordar as questões às quais uma criança responde com suas recusas, suas aquiescências, suas identificações, seus sucessos e suas ficções de uma maneira diferente da dos pais e avós. Por mais preocupado que esteja, é de sua posição de analista que ele está em condições de permitir que a criança explore as coordenadas do sujeito que ele é.” (Judith Miller, 2011, p.07 – In: Peurs d’enfants)
MARÇO
- 06/03/24
- Abertura do semestre.
- Apresentação: Alessandra Thomaz Rocha
- Data:06/3
- Horário: 20h30
- Presencial e on-line (Zoom)
Local: Sede da EBP-MG
Av. Afonso Pena, 2770. Salas 201-207
- 20/03/24
- Conversação com o núcleo Ciranda da Nova Rede CEREDA.
- Apresentação: Caso clínico do Núcleo Ciranda
- Participação: Nohemí Brown (Coordenadora NRCEREDA-Brasil, Membro da EBP Seção Sul/ AMP)
- Comentários: Cristina Vidigal.
- Data:20/3
- Horário: 20h30
- Presencial e on-line (Zoom)
Local: Sede da EBP-MG
Av. Afonso Pena, 2770. Salas 201-207
ABRIL
- 03/04/24
- “A criança como objeto a no fantasma materno”.
- Apresentação de caso clínico: Inês Seabra
- Comentários: Ana Maria Lopes
- Data:03/4
- Horário:20h30
- Presencial e on-line (Zoom)
Local: Sede da EBP-MG
Av. Afonso Pena, 2770. Salas 201-207
- 17/04/24
- Caso clínico
- Apresentação: Patrícia Ribeiro
- Comentários: Cristina Drummond
- Data:17/4
- Horário: 20h30
- Presencial e on-line (Zoom)
Local: Sede da EBP-MG
Av. Afonso Pena, 2770. Salas 201-207
MAIO
- 08/05/24
- Há algo de específico nos sonhos das crianças?
- Apresentação de caso clínico: Margaret Couto
- Comentários: Cristiana Pittella.
- Data:08/5
- Horário: 20h30
- Presencial e on-line (Zoom)
Local: Sede da EBP-MG
Av. Afonso Pena, 2770. Salas 201-207
- 22/05/24
- Caso clínico
- Apresentação: Clarice Túlio.
- Comentários: Tereza Facury.
- Data:22/5
- Horário: 20h30
- Presencial e on-line (Zoom)
Local: Sede da EBP-MG
Av. Afonso Pena, 2770. Salas 201-207
JUNHO
- 05/06/24
- Seminário teórico: A criança, objeto real da família
- Apresentação: Suzana Barroso e Lucia Mello
- Data:05/6
- Horário: 20h30
- Presencial e on-line (Zoom)
Local: Sede da EBP-MG
Av. Afonso Pena, 2770. Salas 201-207
- 19/06/24
- Caso clínico:
- Apresentação: Gisela Schermann
- Comentário: Cristiane Barreto
- Data:19/6
- Horário: 20:30 h
- Presencial e on-line (Zoom)
Local: Sede da EBP-MG
Av. Afonso Pena, 2770. Salas 201-207