PAULA PIMENTA
O Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais — IPSM-MG tem o prazer de lançar mais um número de seu Almanaque On-line. Ao colher a produção do IPSM-MG do primeiro semestre de 2011, este Almanaque, ano 5, n o 8, acabou por se mostrar essencialmente temático — o que foge à proposta inicial de sua linha editorial.
Inspirados pela orientação da Seção Clínica do IPSM-MG para os trabalhos do semestre, com o tema “A psicanálise e a loucura deslocalizada”, os textos aqui apresentados trouxeram seu eixo a girar em torno do lugar do sujeito nas instituições.
O texto de Éric Laurent, estro de vários deles, surge aqui traduzido na rubrica Trilhamento. Ato e Instituição, de 2002 e, no entanto, bastante atual, traz a surpresa de propor que não há sujeito sem instituição: mesmo aqueles atendidos nos consultórios a uma instituição encontram-se referidos, àquela da civilização, que, do lugar de Outro, veicula um discurso sobre o sujeito. Para fazer parceria com Laurent nessa rubrica, Almanaque escolheu A ação lacaniana nas Instituições, texto de Elisa Alvarenga que indaga não sobre o lugar da psicanálise nas instituições, mas sobre quais sujeitos ali estão e que podem da psicanálise se beneficiar. Tomando a proposta recém-instituída no IPSM-MG de um Ateliê de Psicanálise Aplicada, Elisa retoma a pragmática, um dos eixos de investigação do Ateliê, e conclui, com Miller, que o analista é um pragmático paradoxal, por acreditar em uma solução institucional sabida falha, mas que possa falhar de um jeito melhor que o encontrado pelo sujeito até então.
Na rubrica Incursão, o texto de Musso Greco detalha as instituições a que o adolescente se referencia — o Outro social, o Outro familiar, o Outro sexual — para então tecer considerações sobre o trabalho da adolescência, sobretudo em relação a este último, ao corpo.
A instigante Entrevista deste Almanaque On-line n o 8, realizada com a diretora da EBP, Cristina Drummond, abarca as diferentes manifestações da precariedade do simbólico no mundo atual, como a depressão e a violência, e lança perguntas sobre a diversidade homossexual contemporânea, como sobre a pertinência clínica da diferenciação estrutural nos tempos da psicose generalizada.
Ainda sob a égide do que nos traz Laurent em seu texto, Encontros privilegiou a publicação das duas intervenções ocorridas em uma Conversação promovida pela Seção Clínica e intitulada “Não há sujeito sem instituição!”. Ao situar as diferenças entre tratar e curar, e entre o sujeito da psicanálise e o sujeito para a psicologia, Lucíola Macedo repensa o lugar do analista na instituição, retoma a afirmação de Laurent de que “só o sintoma é a verdadeira instituição” e indica a desproporcionalidade existente entre esta e o sujeito. Já Fernanda Otoni de Barros-Brisset se utiliza do recurso do jogo da casa vazia para concluir que toda instituição é fundada a partir de uma falta e que o analista ali deve se deixar orientar pelo sujeito. Este só existe nesse jogo instituído com seu Outro, acrescido da satisfação pulsional.
Por fim, De uma nova geração retoma o tema em referência à angústia que escapa aos guias de viagem mundanos, com as considerações torneadas por uma enunciação do autor, Wellington Ribeiro, sobre as funções do calar e do falar em psicanálise.
Este último texto, em parceria com a Entrevista, nos introduz mais diretamente ao que nos espera no próximo semestre de 2011, a XVI Jornada da EBP-MG: Vacilações do simbólico, instabilidades do imaginário e casualidades do real: como se analisa hoje.
Este Almanaque vem também incitar o tema para que fique mais vivo entre nós, desde já!