Psicanálise e racismo: voz e olhar
Neste semestre o Ateliê de Pesquisa em Psicanálise e Segregação mantém seu trabalho e orientação a partir dos casos clínicos.
Podemos afirmar que, nesse período de pesquisa, vimos a importância de incluirmos as questões raciais como um ponto de pergunta, não só social, mas, principalmente em relação ao inconsciente, o corpo, a constituição de cada sujeito e o seu romance familiar.
Em um dos seus Seminários Lacan faz a pergunta “Cada ato de fala. Golpe de força de um inconsciente particular, não é coletivização do inconsciente?’ Penso que esta pergunta é fundamental quando pensamos de que modo a psicanálise pode pensar e operar no tocante a questões que dizem respeito à coletividade”. (PACHECO, 2023 S/P)[1]
A psicanálise entra com sua contribuição para que uma pessoa negra, um sujeito, não fique somente com seu corpo e sua cor, mas, possa entrar no mundo e na vida com sua diferença e singularidade.
A partir disso é possível dizer que “o discurso analítico precisa operar e restituir o furo entre o Um e Outro para que a partir do furo o negro possa rasurar o nome que o devasta, esvaziar-se do gozo do Outro que o invade e escrever o seu nome próprio”. (PACHECO, 2023 s/p)[2].
Mantemos a lógica da psicanálise que é do um a um, sabendo que o “para todos” que a ciência sustenta, não cabe à leitura do inconsciente e, para a psicanálise, ler o que incide do discurso racista sobre o corpo de pessoas negras e brancas só se sustenta no caso a caso, lendo as respostas e estratégias de cada sujeito. Como nos disse Mattos em uma atividade do Ateliê “o psicanalista precisa ir além”[3]. Então, o que pode a psicanálise diante disso?
Podemos afirmar que o percurso que o Ateliê vem fazendo mantém essa pergunta viva. Podemos afirmar que não é só o olhar que recai sobre os corpos, mas é uma indagação sobre de que modo o objeto voz e olhar incidem sobre os corpos, marcando os lugares de negros e brancos.
Pretendemos então, neste semestre, não só manter essa investigação, mas perguntar sobre o que se transmite em duas dimensões do objeto voz: a que marca o desejo e a que marca o corpo com o gozo.
A atividade, nesse semestre, se mantém híbrida, mas convidamos os colegas a estarem presentes na sede do Instituto.
Programa
AGOSTO
- 28
- Apresentação de caso clínico: Aline Benfica
- Comentário: Virgínia Carvalho – EBP/AMP
- Horário: 20h30
- Presencial e on-line (Zoom)
- Local: Sede do IPSM-MG
- Av. Afonso Pena, 2770. Salas 201-207
SETEMBRO
- 25
- Apresentação de caso clínico: Noemi Brown – EBP/AMP
- Comentário Laura Rubião – EBP/AMP
- Horário: 20h30
- Presencial e on-line (Zoom)
- Local: Sede do IPSM-MG
- Av. Afonso Pena, 2770. Salas 201-207
OUTUBRO
- 30
- Apresentação de caso clínico: Gabriela Ferreira
- Comentário: Rachel Botrel – EBP/AMP
- Horário: 20h30
- Presencial e on-line (Zoom)
- Local: Sede do IPSM-MG
- Av. Afonso Pena, 2770. Salas 201-207
DEZEMBRO
- 04
- O que podemos extrair deste semestre
- Apresentação: Marina Recalde – EOL/AMP
- Horário: 20h30
- Presencial e on-line (Zoom)
- Local: Sede do IPSM-MG
- Av. Afonso Pena, 2770. Salas 201-207