Ateliê Psicanálise e segregação
2o semestre
Coordenadora: Renata Lucindo Mendonça EBP/AMP
Psicanálise e Racismo
O Ateliê de Pesquisa em Psicanálise e Segregação, orientado pela clínica, traz em seu programa de investigação e pesquisa para o 2o semestre de 2025 três casos a serem comentados. Para o último encontro foi pensado uma extração do trabalho que possa nos orientar tanto como leitura do tema quanto para os próximos trabalhos.
No 1o semestre localizamos nos casos o quanto a segregação implicada nas questões raciais pode atravessar os sujeitos e verificamos o componente racial como uma marca que só é possível ser lida e operar no singular.
O Ateliê vai manter seu ponto de questão sobre a raça, mas irá se enlaçar aos temas que estão presentes no Campo Freudiano: XV Congresso da AMP: “Não há relação sexual”,
e XII Enapol: “Falar com a criança”
No texto O estatuto do trauma,[1] Miller afirma que há uma “historização primária”, que o sujeito vive uma experiência dando sentido a ela e que isso é completamente singular:
“é preciso reconhecer que também há uma alteridade primária, quer dizer, que algo tem sentido para o sujeito por não ter sentido para algum outro. Essa relação com o outro pode ser – enumero os termos de Lacan: agressão, de sedução, de simbolização”. (MILLER, 2019/2024 s/p).
Como cada sujeito pode ler seu corpo e estariam as questões raciais nessa “historização primária”?
Esta história não é contada facilmente para o analista, tal como no argumento do XII Enapol, Fernanda Otoni lembra-nos a partir da paciente de Freud – Lucy R., “ao responder não saber sobre a origem do seu sintoma a Freud, desperta nele uma suspeita: ela sabe, mas não pode dizer, não pode saber” (BRISSET, 2024 s/p)[2], mostrando-nos que há algo mais poderoso sobre o que não se consegue falar.
Seria possível articular isso sobre o que não se consegue falar com o silêncio muitas vezes presente nas questões relativas à raça, ao racismo? Não teriam essas questões, na atualidade, uma dupla face, podendo franquear entrada ou mesmo ser um obstáculo a esta?
Nas questões raciais o sujeito pode conferir a essa falta, a marca racial. Uma análise permitirá que uma pessoa de pele preta, um sujeito, não fique somente com seu corpo e sua cor, não fique só com sua raça, e que possa estar no mundo e na vida com sua diferença e singularidade. Que o sujeito, através da experiência de análise, suporte a inexistência da relação sexual sem tamponar essa inexistência com a irmandade dos corpos.
No Ateliê, temos a pretensão de não deixar de fora a consequência da violência racista sobre os corpos das crianças e seu Outro.
As atividades no 2o semestre de 2025 se mantêm híbridas.
Convidamos os colegas de Belo Horizonte para estarem presentes na sede do Instituto e, aos colegas que não vivem aqui, a estarem conosco pelo Zoom.
Até lá!
Programa
Agosto
- 27
- Caso clínico
- Apresentação: Maira Freitas
- Comentário: Jorge Pimenta-EBP/AMP
- Horário: 20h30
- Presencial e on-line (Zoom)
- Local: Sede do IPSM-MG
- Av. Afonso Pena, 2770. Salas 201-207
- Atividade gratuita
Setembro
- 10
- Caso clínico
- Apresentação: Landerson Araújo
- Comentário: Flavia Cêra-EBP/AMP
- Horário: 20h30
- Presencial e on-line (Zoom)
- Local: Sede do IPSM-MG
- Av. Afonso Pena, 2770. Salas 201-207
- Atividade gratuita
Outubro
- 08
- Caso clínico
- Apresentação: Marisa de Vitta
- Comentário: Marcus André Vieira-EBP/AMP
- Horário: 20h30
- Presencial e on-line (Zoom)
- Local: Sede do IPSM-MG
- Av. Afonso Pena, 2770. Salas 201-207
- Atividade gratuita
Novembro
- 12
- O que podemos extrair deste semestre?
- Apresentação: Sérgio de Campos-EBP/AMP
- Horário: 20h30
- Presencial e on-line (Zoom)
- Local: Sede do IPSM-MG
- Av. Afonso Pena, 2770. Salas 201-207