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MICHELLE SENA
Esta edição tem como tema Interpretação: um dizer que toca o corpo. A partir da continuidade do trabalho desenvolvido pelo IPSM-MG no segundo semestre de 2021 e seguindo a trilha do Almanaque 27, a temática da interpretação continua provocando ressonâncias que, nesta edição, serão abordadas evidenciando seus efeitos sobre o corpo. [Leia Mais]
DA ESCUTA DO SENTIDO À LEITURA FORA DO SENTIDO: NOSSA SANTA INTERPRETAÇÃO
SILVIA BAUDINI
Em um primeiro momento dessa conferência, a autora trabalha as noções de transferência e interpretação quando sustentadas pelo simbólico e pelo analista alojado em uma posição de prestígio pelo suposto saber, para, em seguida, pensá-las em um mundo onde essa suposição tem praticamente desaparecido e o simbólico não é o registro predominante. Através de alguns fragmentos de casos, a autora nos conduz por uma clínica onde o Outro não existe e na qual a leitura do fora do sentido pode dar lugar a invenção de uma nova escrita. [Leia Mais]
INTERPRETAÇÃO HERÉTICA E ACONTECIMENTO DE CORPO NAS PSICOSES
SÉRGIO LAIA
O inconsciente é intérprete e, ao interpretar, cifra novamente tornando infinita a atividade interpretativa. Frente a esse excesso interpretativo do inconsciente que se impõe nas psicoses como nas neuroses — embora, nestas últimas, de forma mais velada e sutil —, este texto, na trilha das formulações de Lacan e Miller, argumenta que interpretar analiticamente é fazer frente a esse trabalho interpretativo infindável próprio ao inconsciente, de modo que a interpretação analítica vire pelo avesso essa interpretação infinita do inconsciente. A heresia em questão é sustentar a interpretação na contracorrente do inconsciente quando a concepção que, em geral, se tem da atividade analítica é de que ela o interpreta, ou ainda que, na clínica das psicoses, não se deve interpretar. [Leia Mais]
A INTERPRETAÇÃO E ALÉM
SOPHIE MARRET-MALEVAL
A prática analítica se estabelece entre o que se lê e o que se escreve, ancora-se numa decifração que não visa o sentido e se regula pelo corte que separa S1 e S2, bem ali onde a palavra mostra o seu limite. [Leia Mais]
NÃO SEM OS CORPOS
BERNARD SEYNHAEVE
O autor sustenta o lugar determinante que Lacan dá à presença dos corpos em uma análise: o do analista e do analisante. Em seu ultimíssimo ensino, compreende-se que a interpretação segue o rastro do falasser considerando que a função do inconsciente se completa pelo corpo — não pelo corpo simbolizado nem pelo corpo imaginário, mas pelo corpo que tem em si algo de real. Portanto, para além da decifração, o que uma interpretação visa é perturbar a defesa, fazer ressoar o corpo afetado por lalangue. Para tanto, não basta se ver ou se falar; a presença física também faz parte da interpretação. [Leia Mais]
ALMANAQUE ENTREVISTA
JACYNTHO LINS BRANDÃO
Professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais, Jacyntho Lins Brandão lecionou língua e literatura grega de 1977 a 2018, foi diretor da Faculdade de Letras por duas vezes e vice-reitor da Universidade. Foi também professor visitante na Universidade de Aveiro, em Portugal, na Universidad Nacional del Sur, na Argentina e na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), na França. Atualmente é professor visitante da Universidade Federal de Ouro Preto e membro da Academia Mine ira de Letras. [Leia Mais]
A INTERPRETAÇÃO LACANIANA: MEIO-DIZER, POESIA, ESTILO
JORGE ASSEF
O autor recorre a uma citação de Éric Laurent referente a um episódio do início de sua análise com Lacan e, a partir desse exemplo, aborda as três vertentes do meio-dizer implicadas na estrutura da interpretação tal como propostas por Lacan: o equívoco, o enigma e os efeitos de estilo.[Leia Mais]
O QUE FAZ UM, MARCA
PAULA HUSNI
A autora faz referência ao encontro de Lilia Mahjoub-Trobas com Lacan e os efeitos de uma intervenção do analista que toca o corpo, ressoa e faz eco perturbando as defesas e inserindo um menos. Com seu corpo, o analista inscreve uma hiância ao se prestar a representar o não simbolizável do gozo. O analista advém no lugar do trauma ao provocar um vazio, o Um a menos que instaura a presença da falha da não relação sexual. [Leia Mais]
A INTERPRETAÇÃO JACULATÓRIA
MARISA MORETTO
A autora traz nuances da discussão teórica sobre a interpretação jaculatória situando-a no limite da palavra quando já não é mais possível o desdobramento da cadeia significante e pergunta se tratar-se-ia de um efeito de sentido que, por sua ressonância, toca o corpo e incide no campo do gozo. Ali, onde a palavra se apaga, estaria o impacto, o que faz ressoar outra coisa que não a significação. Para Miller, trata-se de uma interpretação que precipita um “é assim” cessando o afã de continuar buscando a decifração eterna. [Leia Mais]
UMA INTERVENÇÃO POUCO ORTODOXA
MARÍA DE LOS ÁNGELES CÓRDOBA
A autora faz uma leitura apurada do testemunho de Hilda Doolittle sobre a sua análise com Freud, presente no livro Por amor a Freud, no qual Doolittle se esforça para transmitir algo da experiência desse encontro de maneira vívida. A autora destaca a “atmosfera interpretativa” e o efeito do impacto do gesto e das palavras do analista sobre o corpo da analisante a partir de umas das intervenções freudianas relatadas por Doolittle — uma intervenção de exceção, pouco ortodoxa, que seguiu ressoando por muito tempo após o fim dessa análise.[Leia Mais]
A PSICOSE E A MÁQUINA DE INTERPRETAR
MAURICIO TARRAB
Neste texto o autor retoma e comenta outra publicação de sua autoria, “A psicose e a máquina de interpretar”, e resgata a ideia de que o real, fora do sentido, coloca em funcionamento uma máquina de produzir ficções e que a própria psicanálise pode fazer funcionar essa máquina de produzir sentido. Ele ressalva, no entanto, que, com o ensino de Lacan, é possível ir além do campo ficcional, e é esse além que o autor desdobra em seu texto. [Leia Mais]
“EU NÃO SOU DE FALAR MUITO, EU DANÇO”
MÁRCIA MEZÊNCIO
Comentário do filme Inocência roubada, narrativa ficcional sobre a experiência infantil de abuso sofrido pela protagonista e suas tentativas de dar tratamento ao trauma. Interrogam-se os efeitos, para o sujeito, da interpretação dada pelo discurso jurídico. Propõe-se que o que a justiça faz valer é a responsabilidade do sujeito por seu dizer, por sair do silêncio e confessar o segredo. [Leia Mais]
POR QUE AS MÃES DE HOJE NÃO INTERPRETAM?
MARGARET PIRES DO COUTO
Investigam-se os embaraços dos pais, especialmente do Outro materno, em traduzir o mal-estar das crianças, o que os leva a recorrer cada vez mais ao saber da ciência por meio dos inúmeros especialistas da criança. Partindo da premissa que uma primeira interpretação é fundante do sujeito e que a dificuldade em interpretar a criança responde à inexistência do Outro, discute-se como o discurso analítico instala o Outro retirando a criança da solidão de seu gozo. Com essa operação de restituição do S2, a cadeia significante se produz com importantes efeitos de mobilidade para criança. [Leia Mais]
A INTERPRETAÇÃO ENTRE A ESCUTA E O QUE SE LÊ
TEREZA FACURY
A autora elege o texto de Miller “Ler um sintoma” para abordar o tema da interpretação. A leitura de um sintoma implica em uma defasagem entre a escuta e a leitura que se faz sobre o dito do sujeito. Para esclarecer essa diferença, aborda um caso relatado por Guilherme Ribeiro no Núcleo de Psicanálise e Medicina e o testemunho de passe de Gustavo Stiglitz: “Aqui hay gato encerrado. Sobre el fenômeno psicossomático”. [Leia Mais]
O QUE CABE AO ANALISTA NA INTERPRETAÇÃO HOJE?
APARECIDA ROSÂNGELA SILVEIRA
Este texto trata do lugar que ocupa a interpretação hoje na clínica psicanalítica a partir do último ensino de Lacan. Busca-se elucidar os deslocamentos teóricos-clínicos produzidos na prática da interpretação com o recurso de vinhetas clínicas. Da escuta do sentido do sintoma à leitura do fora de sentido, destaca-se que a interpretação opera entre o ser da falta e a fixidez do gozo, entre o saber ler e o bem-dizer do sintoma. Assim, espera-se que do encontro com o analista possam advir saídas para o sujeito lidar com o que é da ordem de seu mal-estar. [Leia Mais]
NEUROSE OBSESSIVA: UM DIALETO CONTEMPORÂNEO?
MARCELA BACCARINI PACÍFICO GRECO
Este trabalho parte de um comentário feito por Lacan em 1978 para investigar como o discurso do mestre contemporâneo e suas incidências podem privilegiar apresentações sintomáticas que se aproximam daquelas de que se vale a neurose obsessiva. Trata-se de discutir como determinados aspectos dessa forma de organização subjetiva, que foram apontados por Freud e retomados por Lacan, podem ser cotejados com a fenomenologia dos novos sintomas provocados pela decadência da ordem simbólica. Por fim, objetiva-se, também, levantar uma questão sobre a direção do tratamento nesses casos. [Leia Mais]
O REAL DO INCONSCIENTE E A GAIA CIÊNCIA: SABER FAZER COM LALÍNGUA